Mendigo da entrevista do que realmente aconteceu; assista ao vídeo

 Nada de novo sob o sol. Mentiras, mal-entendidos, desvios morais e miséria não são novidade para ninguém: vivemos isso em nossas realidades, às vezes sendo as vítimas, às vezes os culpados. Nada tão grave que mereça o branqueamento de nossos cabelos: cometemos um erro? "Ei, conserte-o

Hoje decidimos fazer uma entrevista com o personagem mais legal de toda a trama: o mendigo. No Brasil, nada escapa do campo do escárnio e do ridículo: quando se trata de fazer troça, temos um pós-doutorado e podemos ensinar qualquer gringo menos qualificado. Givaldo Alves (seu verdadeiro nome) já se tornou uma característica regular em memes, piadas, trolling e piadas de cornos por todo o país.

Mas hoje ele está de volta, e com tudo: o site Metrópolis (parabéns a seus colegas!) publicou uma entrevista de meia hora com o apelidado mendigo, que é absolutamente uma das peças mais valiosas do jornalismo recente. Tanto assim, que os tweets dispararam nesta tarde de quinta-feira, 24. O "mendigo" já é um assunto na boca de 50.000. Por quê?

Ao contrário do que se imagina de uma pessoa naquela frágil situação (admita), Givaldo é extremamente articulado com a linguagem. Mas não é algo parecido: "Oh, ele fala bem". Não, isso não impressionaria! Na verdade, estou dizendo que o homem é mais articulado do que você, eu e uma fileira de graduados que só sabem repetir "o Estado de direito democrático".

Você tinha que ver isso! Pronomes relativos... calibrados! Palavras difíceis... tantas que não consigo nem me lembrar! Acordo verbal (plural, singular)... quão poucas pessoas o dominam. A certa altura, ele até dá uma explicação possível: "Eu tenho amor pela literatura".

Honestamente, não posso dizer que tudo o que foi dito ali seja verdade. Ainda não há verificação de fatos de consciência, via telepatia (dê um descanso ao pobre jornalista!). Mas ele parece ser um homem sincero... ah, isso é certo! Antes de contar sua história, o depoente pediu um minuto de silêncio para as vítimas da guerra na Ucrânia.

Depois veio o enredo: segundo ele, ele não está na rua "obrigado". Ele nasceu no nordeste, numa família pobre de dez crianças, e se mudou para São Paulo quando adolescente, onde experimentou um "trabalho duro". Ele se casou e teve uma filha.

Após sua separação, ela teria ido morar com parentes em Tocantins, onde um dia "tentou andar" e literalmente "saiu de casa sem rumo". Ele admite tudo: "meu caminho difícil", a "gandia", e o gosto por uma "cachacinha".

Eu não minto: pensei no que aconteceria a qualquer um a quem esta realidade causasse estranheza: "Meu Deus, o que faz uma pessoa viver assim por escolha? Sem saber a resposta, e preferindo não julgar, desisti do meu raciocínio e voltei para o vídeo.

Logo Genivaldo fala sobre política, fato que causou ainda mais agitação na repercussão na Internet. "Nosso presidente, em quem votei com muito orgulho, e vou votar novamente", diz ele sobre Bolsonaro. Então, você sabe, não é mesmo? Um prato cheio para os palhaços da mesma posição política.

"No tempo de Lula, os pobres comiam picanha. No tempo de Bolsonaro...", bem, você entendeu bem a piada que está circulando no Twitter. Vamos apenas tentar salvar o resto da modéstia deste texto - se houver alguma.

Sobre a mulher em questão, ele exala romantismo. Ele conta que foi chamado na rua pela esposa do pessoal com sua "doce voz". "Jovem?", mas ele nem pensou que fosse com ele. "Eu quero sair com você! "Mas eu sou um mendigo, mocinha. Você tem certeza? Não tenho nem dinheiro para um motel.

"Você pode tê-lo no meu carro. "Então você me deixa sem argumentos. Meus amigos, que sinceridade engraçada de se ouvir! "Então, se você me quer, leve-me a algum lugar. Quando ela se lembra, ela até poetiza: "A coisa mais maravilhosa e bela, o corpo de uma mulher". E define a experiência como "um convite maravilhoso do qual vivi as experiências mais agradáveis possíveis até aquele instante arrebatador".

Além de elogiá-la como "bela" e "flor do jardim de Deus", ela também demonstrou preocupação: "Não me arrependo, porque não estava fazendo nada de errado, mas não quero que você volte a fazer uma loucura como essa, chamando as pessoas na rua. Você me encontrou, mas poderia ter encontrado alguém com más intenções, que faria algo ruim.

Outro ponto a destacar: ele parece ser um homem de fé. Ele havia pedido orações a um grupo de mulheres na rua, e recebeu um rosário de uma mulher muito "modesta" e católica. Ele também aproveitou a oportunidade para agradecer às muitas pessoas que o apoiaram enquanto ele estava sem teto.

Você sabe o que é mais impressionante aqui? Todos os benfeitores são membros de grupos religiosos. Estes mesmos, vítimas de críticas daqueles que não defendem ninguém. São eles que foram agradecidos pelo nome: a Igreja Católica, os "irmãos protestantes" e suas citadas denominações.